A cabaça da criação
Mas, num certo dia, ele se sentiu muito sozinho e, por isso, resolveu criar seres iguais a ele. Então inventou a cabaça da criação.
Usou argila, moldou, fez que fez e refez, tornou a moldar. Até que percebeu que não era capaz de fazer os seres sozinho, que precisava de ajuda para dar vida. E essa ajuda ele pediu às Ya Mi, “as mães ancestrais”.
As Ya Mi eram poderosas e temidas feiticeiras, donas dos pássaros que cumpriam suas ordens. Elas traziam dentro de si a força feminina, que, assim como a terra, abraça, guarda e protege a semente até que esteja pronta para germinar.
E juntos eles trabalharam: as Ya Mi cuidavam da cabaça da criação, e Olorum dava sopro que semeava a vida. Um completava o outro.
É por isso que Olorum decidiu dar a todas as outras mulheres o poder de gerar os seres humanos.
As mulheres, enquanto geravam seres, brincavam de fazer bonecos. Nessa brincadeira, elas colocavam todos os seus sonhos, pois acreditavam que quanto mais bonitos e bem costurados fossem esses bonecos, mais belos seriam os seres que iriam gerar. Seus bonecos eram de todos os tipos, tamanhos e cores. Foi assim que elas criaram as diferentes raças e nações.
Sentadas, de pernas abertas, elas preservaram a vida.
HISTÓRIA ADAPTADA PELA ATRIZ ERIKA CORACINI E PELA CANTORA VERLUCIA NOGUEIRA A PARTIR DO MITO DAS YA MI, DO CULTO DAS GELEDÈS E DO LIVRO “MITOLOGIA DOS ORIXÁS” (COMPANHIA DAS LETRAS), DE REGINALDO PRANDI. A ILUSTRAÇÃO É DE ANDRÉIA VIEIRA. FOLHINHA DE SÃO PAULO.
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