quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Quinto CompartiLER de 2012 - Trabalhando com produção textual

Ontem, dia 29 de agosto, realizamos mais um CompartiLER (encontro dos professores dinamizadores das Bibliotecas/Clubes de Leitura da rede municipal de Mesquita). O encontro, realizado no Clube de Leitura Braguinha, da E. M. Irena Sendler, tinha como pauta pensarmos na Mostra Cultural Literária, organização de chás literários na rede, o andamento das atividades nas escolas e como formação, estudamos sobre produção textual.
Com um material organizado pelo Setor de Incentivo à Leitura, além da parte teórica, o material continha diversas sugestões de atividades de produção de texto, perfeitamente aplicáveis em nosso trabalho nas bibliotecas.
Para colocar em prática, as dinamizadoras tiveram como atividade produzir uma história em que as ilustrações seriam retiradas de catálogos de livros e revistas.
Abaixo, o vídeo com o maravilhoso resultado das criações.


As nossas meninas e menino arrasaram!







quarta-feira, 22 de agosto de 2012

"Você sabe o que é Folclore, vou lhe dar a explicação"

Hoje, dia 22 de agosto, é comemorado o Dia do Folclore. É uma data simbólica, em que festejamos a nossa cultura, nossas festividades e identidades e heranças culturais.
Para auxiliar no nosso trabalho, que não deve ser exclusivo da data, a Revista Nova Escola preparou um especial.

FOLCLORE: CULTURA BRASILEIRA EM SALA DE AULA

E para evitarmos equívocos, o reforço de estereótipos e falta de respeito à diversidade, seja étnica, cultural e religiosa, uma reportagem sobre os erros mais comuns no trabalho com folclore. (clique no título abaixo)


10 erros mais comuns nas festas escolares

Aulas perdidas, desrespeito à diversidade cultural e à liberdade religiosa... Saiba como evitar esses e outros equívocos

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Ilustração: Walter Vasconcelos
Durante o ano, temos 11 feriados nacionais - na média de um a cada cinco semanas -, um monte de datas para lembrar pessoas (Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, do Índio) e fatos históricos (Descobrimento do Brasil, Proclamação da República). Sem contar os acontecimentos de importância regional. Nada contra eles. O problema é que muitas vezes a escola usa o precioso tempo das aulas para organizar comemorações relacionadas a essas efemérides. O aluno é levado a executar tarefas que raramente têm relação com o currículo. Muitos professores acreditam que estão ensinando alguma coisa sobre a questão indígena no Brasil só porque pedem que a turma venha de cocar no dia 19 de abril - o que, obviamente, não funciona do ponto de vista pedagógico.
Festas são bem-vindas na escola, mas com o simples - e importante - propósito de ser um momento de recreação ou de finalização de um projeto didático. É a oportunidade de compartilhar com os colegas e com os familiares o que os alunos aprenderam (leia mais no quadro abaixo). No entanto, não é isso que se vê por aí. A seguir, os dez principais equívocos dos eventos escolares.


Folclore, uma bibliografia comentada

Seis livros essenciais sobre o tema analisados pelo especialista Marcio Augusto de Moraes, doutor em Literatura Comparada e Teoria Literária de Universidade de São Paulo (USP)


A cultura popular na idade média e no Renascimento, Mikahail Bakhtin, Editora Hucitec/UNB. Livro fundamental para entender as relações entre a cultura popular, a erudita, e as relações de carnavalização do poder por meio das festas e a representação literárias dessas relações.
Cultura Popular: revisitando um conceito historiográfico, Roger Chartier. Artigo disponível aqui.
Texto conciso em que Roger Chartier discute os conceitos de cultura popular e cultura erudita.
Danças Dramáticas do Brasil, Mário de Andrade, Editora Itatiaia (organização de Oneyda Alvarenga).
Extenso inventário sobre as danças dramáticas brasileiras, traz letras e pautas musicais do repertório que serve de acompanhamento aos dramas coreográficos.
Dicionário do Folclore Brasileiro, Luis da Camara Cascudo, Editora Itatiaia
Dicionário fundamental para quem gosta de folclore. Traz uma extensa e cuidadosa descrição sobre o folclore brasileiro, comentando as origens de mitos e lendas.
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, Mário de Andrade, Editora Agir.
Comentário Baseado em uma lenda ameríndia, coletado por Theodor Koch-Greenberg, um dos principais títulos da Literatura Brasileira, Macunaíma é uma rapsódia construída a partir de textos da literatura universal, de lendas e mitos da cultura indígena e africana, ditados populares, paródia de fatos históricos etc. O capítulo “Maioridade”, por exemplo, enreda na narrativa as lendas da Cotia e do Currupira; “Macumba” traz referencias à mitologia africana e “Pauí-Pódole” à indígena. Relacionando literatura e história, o texto nos traz, por exemplo, “Cartas pras icamiabas”, com referências aos Lusíadas (O gigante Adamastor) e à “Carta de Pero Vaz de Caminha”. O texto também traz referência a danças da cultura indígena (murua, poracê, bacororô cucuicogue) e do folclore popular, com destaque para o bumba-meu-boi.
O que é cultura, José Luiz dos Santos, Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos
Como indica o título da série, é um texto em linguagem simples, para iniciantes, que oferece ao leitor uma introdução sobre as relações entre cultura, sociedade e poder.
O Tupi e o Alaúde, Gilda de Mello Souza, Editora 34
Escrito em linguagem bastante acessívelo texto de Gilda de Mello e Souza desvenda aspectos relativos à construção da rapsódia Macunaíma, examinando o uso de elementos ligados à cultura erudita e à cultura popular.

FONTE: Revista Nova Escola

O baião de Luiz Gonzaga na sala de aula


Aqui em Mesquita, estamos homenageando este ano o Rei do Baião, o Lua Luiz Gonzaga. Abaixo, uma matéria bacana da revista para nosso deleite e aprofundamento.

O baião de Luiz Gonzaga na sala de aula

No centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, faça a turma dançar e se encantar com o ritmo nordestino que ganhou o País e há mais de 60 anos influencia a MPB

Elisângela Fernandes (novaescola@atleitor.com.br)
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Luiz Gonzaga, o rei do Baião. Foto: Luizinho Coruja
Engana-se quem pensa que o Baião é coisa do passado. Muito pelo contrário, ele segue vivo e influenciando a Música Popular Brasileira até hoje. E como o próprio criador do gênero cantou "Luiz Gonzaga não morreu / Nem a sanfona dele desapareceu". Isso porque desde que foi criado em 1946, sua batida está presente, direta ou indiretamente, em todos os movimentos musicais que surgiram em seguida.
Nascido em 1912, o filho mais ilustre da cidade de Exu, no sertão pernambucano, ganhou o Brasil após conhecer um dos seus mais importantes parceiros: o advogado cearense Humberto Teixeira. É deles a música Baião, que marca o nascimento do gênero: "Eu vou mostrar pra vocês/ Como se dança o baião/ E quem quiser aprender/ É favor prestar atenção". Depois desse manifesto, Gonzaga estourou, vendeu milhares de discos e colocou o nordeste no cenário da MPB.
O Rio de Janeiro era um terreno fértil para a divulgação da música nordestina e do forró nas suas mais diferentes variações como baião, chamego, xaxado, xote e o coco. Nas décadas de 1940 e 1950 o rádio era o meio de comunicação mais popular no País. Além disso, a intensificação do processo de migração que trouxe milhares de nordestinos ao sul e sudeste do país.
Não há dúvidas de que Lua, como Gonzaga também ficou conhecido, é um dos construtores da MPB. "Ele não foi só um instrumentista ou um compositor. Gonzaga definiu um gênero musical e sintetizou como ninguém a cultura nordestina" exalta o jornalista e historiador, Paulo César de Araújo, autor do livro Eu Não Sou Cachorro, Não. Antes dele, outros nordestinos tentaram, mas nenhum conseguiu a projeção nacional de Gonzagão.
Para o sociólogo alemão Norbert Elias, o êxito alcançado por um artista não pode ser atribuído apenas à sua suposta genialidade. O resultado depende de inúmeras variáveis, articuladas entre si, em um determinado contexto social. "O rei do Baião estava no lugar certo, na hora certa", afirma Maria Sulamita de Almeida Vieira, professora da Universidade Federal do Ceará e autora de Luiz Gonzaga, o Sertão em Movimento.

O valor de um nordestino
Apesar do grande sucesso entre as massas, o reconhecimento por parte da classe média e da intelectualidade brasileira só chegou quando Gonzaga já era sexagenário. "Isso não aconteceu só com o Baião. Muitos dos mitos da MPB, que hoje são exaltados pelas elites culturais e críticos eram desprezados quando surgiram, ainda que fossem amados pelo povo. Exemplo disso foi o que ocorreu com Orlando Silva, cantor das multidões. Na época, essas pessoas não tinham o menor interesse por ele", avalia Paulo César de Araújo.
Durante muito tempo, a boa MPB era aquela produzida em três períodos muito distintos. Durante a Época de Ouro, que vai de 1930 a 1945, com nomes como Noel Rosa, Cartola e Nelson Cavaquinho, e depois com a Bossa Nova, em 1959, e a Tropicália, em 1960. "O baião ficou no meio, entre a tradição e a modernidade. Com isso, passou a ser tratado como um momento menor da nossa música", lamenta o jornalista.
O reconhecimento pelas elites culturais chegou com as declarações de outros nordestinos: os baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil já traziam o rei do baião em sua memória afetiva e declararam em diversas entrevistas a importância do sanfoneiro para sua formação musical. Com isso, o baião ganhou o aval de dois jovens expoentes da MPB. Exemplo disso é a gravação de Asa Branca, única música cantada em português por Caetano Veloso no disco que lançou na Inglaterra durante o exílio, em 1971.
Ao longo de sua carreira, Luiz Gonzaga recebeu inúmeras homenagens de seus discípulos, em gravações com Carmélia Alves, Dominguinhos, Elba Ramalho, Fagner e Milton Nascimento. Em 1984, recebeu o Prêmio Shell - antes do sanfoneiro, somente Pixinguinha, Dorival Caymmi e Tom Jobim haviam sido agraciados.
"A música de Gonzaga continua aí, influenciando direta ou indiretamente as novas gerações", defende Paulo César de Araújo. O jornalista explica que diferentes aspectos de sua obra são encontrados nas músicas de Raul Seixas, no movimento Manguebeat na década de 1990, com Chico Science e a Nação Zumbi, o Cordel do Fogo Encantado, Mestre Ambrósio, Osvaldinho do Acordeom, Lenine, Zeca Baleiro, Marisa Monte, e tantos outros.


A música de Gonzagão: alma do sertão
Como na maioria das canções populares, as temáticas recorrentes na obra de Luiz Gonzaga são o amor e a saudade. Só que em suas composições, a separação é motivada pela seca, como em seu maior sucesso Asa Branca: "Quando o verde dos teus oio / Se espalhar na prantação / Eu te asseguro não chore não, viu / Que eu voltarei, viu / Meu coração".
O drama do retirante aparece com fortes elementos de crítica social e de protesto, sobretudo, nas músicas em que contou com a parceria de Zé Dantas, como em Vozes da Seca: "Seu doutô os nordestinos / Têm muita gratidão / Pelo auxílio dos sulistas / Nesta seca no sertão / Mas doutô uma esmola/ A um home qui é são / Ou lhe mata de vergonha / Ou vicia o cidadão".
Outro exemplo de crítica é A Triste Partida: "Faz pena o nortista / Tão forte, tão bravo/ Viver como escravo / No Norte e no Sul", resultado do encontro da música com a poesia. A gravação de Luiz Gonzaga contribuiu para impulsionar a divulgação da obra do poeta cearense Patativa do Assaré, outro ícone da cultura nordestina.
Além da temática da seca e da pobreza, o sanfoneiro atribuiu outras imagens e símbolos ao sertanejo. São muitas as músicas em que está presente a poesia, a alegria, a dedicação ao trabalho, a bravura, a beleza e a coragem do povo nordestino. "Com isso, ele faz uma reinterpretação do nordeste e do sertão", explica Sulamita.
Em suas apresentações o rei do baião reagrupou artefatos e um conjunto de símbolos da cultura nordestina. A partir de 1953, o sanfoneiro passou a usar o chapéu de couro e roupas inspiradas em Lampião. Na biografia Vida do Viajante: A Saga de Luiz Gonzaga, a jornalista francesa Dominique Dreyfus conta que a inspiração veio do músico Pedro Raimundo, que se apresentava com roupas típicas de gaúcho.
Gilberto Gil, Em diversas entrevistas, se recorda do primeiro grande show que assistiu foi de Gonzaga, quando tinha apenas 11 anos de idade e afirma que estava diante de um grande astro pop, com suas músicas inigualáveis, seu figurino, suas sanfonas, seus músicos.

O trabalho com o ritmo e com a dança em sala de aula
A obra do sanfoneiro é tema essencial nas aulas de música. André Hosoi, músico, coordenador pedagógico do grupo Barbatuques e professor do colégio Vera Cruz, em São Paulo, explica como o assunto é trabalhado em suas aulas: a primeira coisa é fazê-los dançar, pois "quando o corpo entende, a compreensão sobre o ritmo ocorre de forma muito mais natural". Os alunos podem - e devem - não só estudar a história desse gênero, como também aprender a tocá-lo. Com os ouvidos atentos e orientação do professor é possível entender o papel de cada instrumento no Baião: a sanfona tem a função harmônica e melódica, já a base rítmica é formada pelo zabumba, que marca o tempo, e pelo o triângulo, no contratempo.





O professor explica que é preciso escolher bem o repertório para que os alunos conheçam a diversidade e riqueza das músicas do rei do baião. Por isso não deixa de tocar os xotes: Riacho do Navio e Sala de Reboco, o arrasta-pé de Vem Morena ou de Pagode Russo, nem mesmo o baião lento do próprio Baião ou ainda uma versão mais rápida como Respeita Januário.
Para aproximar os alunos da obra de Luiz Gonzaga, André não perde a oportunidade de trazer algumas versões, que os próprios estudantes devem conhecer ou que seus pais escutem, como oXote das Meninas com a cantora Marisa Monte ou, ainda, Espinho na Roseira, um baião com batida mais roqueira, na interpretação do Kanark.


FONTE: Revista Nova Escola

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